POV Alicia
Valência, 27 de Agosto de 2008.
Era um dia frio de inverno em Valência, as casas estavam com
seus tetos cheios de neve e, para falar a verdade, era lindo. Estava indo em
direção à praça que antes, bem antes costumava vim com o meu pai.
Tudo mudou depois que eu completei sete anos de idade quando
meu pai começou a bater na minha mãe e a judiar de mim, por ser pequena não
entendia nada. Depois de algum tempo, eu parei de vir minha mãe vovó me fala
diz que ela está morando longe só para me proteger mais sei que é verdade.
Eu ainda me lembro de como fosse hoje dá história que ela me
contava que em uma vila no sul da Espanha, vivia uma garotinha linda de pouco
mais de três anos. Ela não era uma simples garota e sim uma guerreira.
Todos olhavam como se ela nunca tivesse tido um problema, mas
veja, ela era mais quebrada de todas. Vivia enfiada em sua jaqueta de gorro com
seus fones ouvindo dó lá Deus sabe o que, as pessoas sempre a olhava com
desprezo e você se pergunta: "Mas quem é ela?".
Sua mãe dizia que ela era única e linda, seu pai sempre achou
que ela era louca. E agora sei de quem ela estava falando. De mim.
Olhei i relógio e vi que já estava atrasada. Peguei minha
jaqueta e fui para casa, chegando lá vejo minha vó caída sangrando, me abaixo até
ela.
— Vovó fala
comigo – disse muito desesperada.
— Fuja
querida, ele quer fazer mal a você – disse ela cuspindo sangue.
— Quem? –
digo chorando.
— Seu pai –
disse me olhando. — Ele m atou sua mãe – disse e parou de respirar.
Naquele momento me senti mais que sozinha, comecei a gritar e
até que sinto alguém tampando a minha boca, me viro e vejo-o, meu pai.
Barcelona,
21 de Janeiro de 2015.
Acordei suando, fui até o banheiro e passei uma água na cara.
Entrei no chuveiro e tomei um longo e relaxante banho, já era a terceira vez na
semana que sonhava com aquele dia, aquele homem.
Desliguei o chuveiro e coloquei uma roupa qualquer roupa.
Desço e vou até a mesa do café da manhã me sentando ao lado da mulher que me
adotou depois daquilo.
— Bom dia
meu amor – disse abrindo um sorriso.
— Oi – digo
um pouco desanimada.
— Filha vai
ficar tudo bem – disse segurando a minha mão.
Dona Lucia era uma mulher de 44 anos amiga atenciosa e
divertida. Ela cuidou de mim mesmo com todas as dificuldades, meus transtornos
emocionais tais como: culpa insegurança, vergonha e síndrome do pânico por
causa... Por causa do abuso sexual que sofri quando criança.
Hoje iria ao psicólogo para fazer um tratamento para, pelo
menos, aliviar tudo isso que eu passo. Depois de comermos nós fomos até a
clinica do tal Lucas.
Chegando lá, eu vou até sua sala mamãe fica lá fora. Ele vira
e olha para mim e devo dizer que ele era lindo. Não muito alto moreno dos olhos
azuis, encantador. Ele se sentou a minha frente e disse.
— Olá
Alicia, eu sou o Lucas e vou cuidar de você ok? – disse e eu sorri
involuntariamente.
— Ok – disse
e ele sorriu, senti minhas bochechas arderem em chamas.
— Me conte o
que aconteceu com você? - disse olhando fixamente para mim.
— Bom, eu
tinha três anos eu estava sozinha com meu pai, ele disse que não iria doer. Ele
me levou até o quarto dele e... E... – comecei a chorar. — Eu não consigo
continuar, desculpa – digo e ele me abraça.
— Você pode
me contar depois, não tem problema apenas fique calma – disse me apertando mais
forte.
Eu não sei o que aconteceu, não sei como, mas ele me passou
uma segurança tão grande quando me abraçou.
Foi como se nunca, ninguém pudesse me fazer mal algum por que ele estava
ali, comigo.
Depois que a consulta acabou, ele me liberou. Fui para casa o
caminho todo pensando nele, ele era tão lindo e meigo, pela primeira vez na
vida não tive medo de que ele me machucasse algo assim, me senti feliz.
POV
Lucas
Depois que ela saiu fiquei pensando: “Ela sofreu tanto,
merecia alguém que fizesse ela feliz”. Peguei minhas coisas e dirigi até a casa
do Pietro, chegando lá ele estava falando com alguém pelo telefone, ao notar
minha presença desliga. Ele estava péssimo.
— O que
houve? – digo me sentando.
— Ela está
entre a vida e a morte – disse se sentando também.
— Sinto
muito – disse e ele começou a chorar mais ainda. Quando se tratava da amada
dela ele parecia um bebê chorão. Ele se levantou e começou a andar de um lado
para o outro.
— Eu não sei
mais o que fazer, eu já liguei para todos os familiares dela e eles continuam
dizendo que ela não tem melhora. – disse tenso.
— Calma
Pietro, como você ficou sabendo e o que aconteceu? – eu disse tentando o
acalmar.
— Ela bateu
o carro quando estava vindo para a cidade, foi em Torrent. Eles disseram que
ela bateu a cabeça e fraturou a perna esquerda que pode ficar sem movimento –
ele respira fundo para não chorar, que nem sempre dá sorte. — Eu fiquei sabendo
quando a Bianca, prima dela, ligou – disse tentando se acalmar.
Ele estava tão triste. Em 22 anos de amizade nunca vi ele tão
triste, às vezes ele andava cabisbaixo ou nem saia de casa, mas nunca ao ponto
de se desmoronar na minha frente. Eu o abracei tentando passar todo o meu
apoio.
— Pietro
está tudo bem – digo o abraçando mais forte.
— Quando
finalmente tudo entre eu ela dá certo, algo acontece – disse chorando mais
ainda.
Eu odiava o ver chorando. Parecia um bebê que se perdeu da
sua mãe no mercado. Depois de se acalmar, ele me olhou.
— O que
acontece? – disse me encarando tomando seu chocolate quente. Ele podia ser um
bebê chorão mais me conhecia melhor que ninguém.
— Eu conheci
uma garota hoje... – ele me interrompe.
— Até que
fim – disse comemorando.
— Me deixa
falar coisa – ele para. — Ela era diferente, sei lá – digo e ele me olha.
— Hum, tá
apaixonado – disse e me fez ri.
— Acho que
sim – digo e me lembro dela, um sorriso bobo nasce no meu rosto.
Depois de conversamos, fui para minha casa. Chegando lá me
joguei no sofá e fiquei pensando nela. Ela era única.
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