22/12/2014

Christmas Eve: capítulo 2 - "Two."

Olhando aquele pequenino ser de ralos cabelos em tom loiro, encolhido e de olhinhos fechados; Lenna abriu um sorriso, que escondia toda a surpresa, indignação e uma pequena quantidade de pena. Pegou o bebê em seus braços, após tirá-lo do saco preto e com mau odor. Era uma menina. Uma pequena e linda menina. Estava enrolada em uma manta floral, encolhida e apertando os próprios dedinhos; e, como estava nua, era possível ver também seu cordão umbilical.
Como alguém poderia deixar um ser tão bonito como aquele naquelas circunstâncias — dentro de uma lata imunda de lixo? Era inaceitável. Uma pessoa — que talvez nem devesse ser chamada de pessoa e tampouco de animal, já que os mesmos têm comportamentos mais racionais que muitos seres humanos — que faz algo desse tipo deveria ser punida severamente. Morte era bem pouco perto de uma punição adequada.
Lenna sempre quis ser mãe. Uns dizem que esse é o sonho de qualquer garota assim que ela atinge a idade adulta. E talvez isso seja verdade. Em partes. Enquanto "mães" jogavam seus filhos em caçambas de lixo, em rios, em córregos ou em outro lugar sujo; Lenna só queria saber o que é carregar um pequeno ser dentro de seu ventre. Não podia engravidar. Possuia síndrome de ovários policísticos e engravidar seria por obra do Divino. E, mesmo que fizesse um tratamento, não tinha um parceiro para a qual "ajudá-la" sendo o pai de um filho.
E ali, em plena véspera de Natal, Lenna Victoria Davis era presenteada por Deus com uma menina linda.
Incrível.
Ajeitou a pequena entre a manta, tentando deixá-la mais aquecida. Após estar dentro do carro, com a menina num cesto ao seu lado — no banco carona —, dirigiu até o posto de saúde local — a cidade era pequena demais para suportar a estrutura de um hospital, mesmo que este fosse pequeno. Ultrapassou alguns limites de velocidade nas pistas, mas nada muito alarmante, e logo chegou ao posto. Tirou a menina da cesta e a ajeitou em seus braços, adentrando o local.
— Preciso de um pediatra, por favor. Encontrei esse bebê numa lixeira e ele precisa de cuidados — Lenna pede à recepcionista, se encostando no balcão.
— Espere um minuto, por favor — a moça de cabelos escuros e presos em um coque com grampos disse, falando com alguém no telefone fixo.
Lenna olhou rapidamente para o bebê embrulhado nas mantas. Sorriu. A menina dormia, com seu dedinho polegar dentro da boca, sendo sugado delicadamente. Com dois dedos, Lenna acariciou o rostinho pequeno, liso e redondo.
— Ei, moça — a recepcionista chamou — O doutor Harper irá te atender. Sala duzentos e sete, segundo corredor à esquerda.
Lenna assentiu levemente. Atravessou as portas duplas, que, após a passagem da mulher com o bebê, fez um barulho ao se chocar. Andou pelo corredor pálido e silencioso, com seus saltos estalando no chão e quebrando todo o silêncio momentaneamente. Seguiu as coordenadas da recepcionista, chegando à ala da pediatria. Olhou a numeração em cada porta branca do corredor, até achar a porta numerada com 207. Bateu na porta brevemente, até um rapaz — bem jovem, ela pôde observar — de cabelos escuros e com um sorriso amistoso abrir a mesma.
— Doutor Harper? — perguntou Lenna. Sentia-se corada por receber olhares tão intensos.
— Eu mesmo — ele sorriu — No que posso ser útil? — questionou, erguendo uma sombrancelha.
— Preciso que cheque o estado de saúde dessa menina aqui — disse, esticando o embrulho com a criança.
O médico a pegou em seus braços, afastando as mantas para que pudesse observar a menina melhor. Sorriu, acariciando as bochechinhas rosadas e gordinhas da pequena, que abriu seus olhos, revelando orbes azuis tão claros quanto o mar caribenho. A pequena olhou para ele, curiosa.
— É uma bela menina. Parabéns, mamãe — ele sorriu, se dirigindo à Lenna.
— Uh, eu não... não... não sou a mãe dela — a loira disse, com um sorriso torto nos lábios.
— É a babá? Irmã? Tia?
— Não, não — riu fraco — Na verdade, essa criança não é nada minha — disse, abaixando a cabeça e colocando uma mecha de seu cabelo loiro atrás da orelha.
— Mas...
— Eu achei essa menina dentro da lixeira na frente da minha casa, doutor.
O doutor arregalou seus olhos levemente, abrindo e fechando a boca algumas vezes até fechá-la de vez.
— Não consegui pensar em nada. A primeira coisa que me veio à cabeça foi saber se ela estava bem. Então a trouxe aqui.
— Tudo bem, entre. Vou fazer alguns exames pra ver se há algo de errado com essa linda menina aqui.
Adentraram a sala. Era um cômodo tão pálido quanto as outras alas do hospital. As paredes eram brancas e limpas, possuiam alguns adesivos de animais coloridos, talvez no intuito de entreter as crianças que eram atendidas ali. Lenna se sentou em uma cadeira, observando o doutor analisar o estado da pequena.
(...)
— Bom, graças a Deus não houve nada demais com essa menina aqui — o médico disse, entregando o bebê à Lenna — Ela só está com uma pequena gripe, que pode ser facilmente curada com esses remédios aqui — empurrou um papel, com algumas palavras escritas com letras em garrancho.
— Ah, ok. Muito obrigada, doutor Harper — Lenna sorriu envergonhada.
— Me chame de Shane, por favor.
— Oh, sim, Shane — frisou o nome — Ah, antes que eu me esqueça, sou Lenna — estendeu a mão, em forma de cumprimento.
— É um prazer, Lenna — ele soprou o nome da loira.
Ficaram se encarando por um momento. Ele observava cada detalhe dela. Desde a cor de seus cabelos até ao sapato que calçava. Era tão linda. Ela, por sua vez, queria saber o motivo dos olhares intensos que Shane lhe mandava. Ele era um homem bonito, bem bonito, aliás. Corou bruscamente, se sentindo bastante intimidada.
— Hã, eu tenho que ir. Sabe, comprar umas coisas pra ela — apontou com um aceno de cabeça para a menina em seus braços.
— Ah, sim, tudo bem.
— Então, tchau — ela se despediu, abrindo a porta e prestes a sair da sala.
— Lenna, espera — Shane chamou e Lenna olhou pra trás — Você... Você quer sair comigo?
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Olá, fantasmas!
Estão bem? Espero que sim!
Bem, esse capítulo era pra ter sido postado ontem, mas não foi possível eu postar por conta de eu estar bem focada em uma nova fic. Problemas a parte, estou aqui atualizando.
Ah, a propósito, esqueci de mencionar que talvez eu reduza um capítulo da fic, mas nada confirmado. Fora que, como atrasei um capítulo, a fic vai ultrapassar o natal, mas nada tão preocupante.
Outra coisa, a bebê da fic — que ainda não tem nome — é interpretada pela Mia Talerico, mas ela bem pequena.
Agora, tchau e até amanhã — talvez. Beijo e qualquer coisa falem comigo no twitter (@drewplatinada), ok? Tchau, amores!

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